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O adeus ao grande cooperativista Professor Bigode
25/02/2019
O adeus ao grande cooperativista Professor Bigode

Um grande Cooperativista. Professor Bigode sempre esteve presente no dia a dia da Cermoful. Nas assembleias, enquanto teve saúde participou e muitas vezes com a sua tradicional farda de ex-combatente. Ele sempre foi pauta nos materiais que a Cermoful desenvolveu, abaixo uma das últimas entrevistas que nossa equipe de comunicação produziu com o Professor.

 

Um ícone na cultura de Morro da Fumaça

 

Considerado um ícone de Morro da Fumaça, Waldemar Durval da Silva, o Professor Bigode, como é popularmente conhecido, desenvolveu importantes trabalhos sociais no município. Ultimamente produtor de eventos, Bigode foi tenente do exército, ferreiro, radialista, modelo, jogador do Comerciário e vereador mais votado em 1970. Um jovem idoso, como ele preferia ser chamado. Para ele, viver tanto tempo era ter a oportunidade de contar histórias, apresentar trabalhos sociais e principalmente divulgar a cultura local.

 

Combatente com orgulho

 

“Eu fui recrutado para combater na Itália, zarpei em um navio de Imbituba para o Rio de Janeiro, e de lá deveria embarcar para o combate. Mas como eu era um esportista, fui selecionado para um evento, iria correr uma maratona de 20 km, então fiquei em terra enquanto meus companheiros seguiram viagem”, lembrou Bigode.

 

Segundo ele, o desempenho no esporte o fez ficar apenas dando suporte em terra. “Dias depois recebi uma notícia que me abalou muito; o navio que era para eu estar foi bombardeado pelos alemães e ninguém sobreviveu”, contou emocionado.

 

Negro não entra no baile?

 

Filho de mãe negra e pai branco, Bigode também foi vítima de racismo. Uma passagem marcante foi quando voltou da guerra, em maio de 1945. Um tradicional baile era realizado em Morro da Fumaça, no entanto, o salão de festas não era frequentado por negros. “Quando fui lá dançar, não me deixaram entrar por que a minha mãe era negra. Acho que eles não sabiam com quem estavam lhe dando”, disse bigode entre risos.

 

Para entrar no baile, Bigode chamou um contingente militar, um delegado, um promotor público e até o Jornal Zero Hora de Porto Alegre. “Quando os italianos viram o comboio do exército chegando foi à maior correria e eu fui à estrela daquele baile que foi destaque em vários jornais de nível nacional”, completou.

 

Sapatos para os carentes

 

Já idoso, Bigode, passou a promover eventos sociais na região. Com um Fusca, uma Brasília e um Corsel, divulgava ações que realizaria. Nos anos 90, uma loja de calçados estava para fechar as portas. Foi então que o senhor teve uma ideia. “Pensei na hora em comprar o estoque e doar”, relatou.

 

Dois mil pares de sapatos, foi essa quantidade adquirida e distribuída para pessoas que moravam em comunidades carentes. “Hoje em dia você vai pedir um calçado para uma campanha é muito difícil alguém doar”.

 

A família

 

Ao mencionar sua esposa, Bigode se emocionava. Tile, já falecida, era surda e muda, nove anos mais velha e filha de italianos. “A família dela não queria me ver nem pintado de ouro”, ressaltou. O motivo para a contrariedade se deu por vir de família humilde. “A família dela tinha uma padaria conceituada e eu era apenas um ferreiro”.

 

Para viver o romance combinaram de fugir. De bicicleta, foram para a localidade de Rio Maina, em Criciúma. “A partir daí fomos ajudados pelo padre, que era amigo das duas famílias e finalmente oficializamos nossa união”, relembrou. Do casamento surgiram quatro filhos: Salute (já falecida), Teresinha, Marzo e Dolores.

 

Devoção e religiosidade

 

Nos últimos anos, Bigode morou no bairro de Costa. Sua casa fica numa esquina e chama a atenção, pelos carros com a descrição de ex-combatente, e também, por estátuas enormes em frente a residência. “Uma é a Madre Teresa de Jesus, outra é do crucifixo que carreguei comigo na guerra e a terceira é da minha mãe, Perpétua, que realizou mais de 100 partos”, revelou.

 

Sua enorme devoção a Madre Teresa de Jesus se dá por um milagre que a santa teria realizado em sua família. Ato que foi aceito pela Igreja Católica. “Minha mulher tinha um câncer maligno que mais de 20 médicos disseram ser o fim da vida para ela, mas com muita fé fizemos uma corrente de oração e pedimos a intercessão da Madre, que concedeu”.